Sorria, você está sendo interceptado!

Por Shirlei Aiello

Ao navegar pela internet ou nas redes sociais, já teve a sensação de que não estava sozinho?

Já teve a sensação de que o seu celular leu seus pensamentos e desejos?

Não é loucura. De fato, o Marketing tem evoluído na velocidade da luz, cada dia mais, buscando atender qualquer pequeno pensamento sobre um item que gere consumo.

Se você pesquisa um livro em um determinado site,  por exemplo, a partir de então,  toda tecnologia do marketing estará direcionada para te mostrar as promoções e oportunidades em relação ao item que você pesquisou. E mesmo se não estiver tão interessado ou se não tivesse a intenção de comprá-lo de fato, aos poucos com tantas oportunidades e promoções, tantas formas de pagamento e envio rápido, você acaba se convencendo de que será um ótimo negócio.

Ainda que não tenha recebido seus proventos, ou que o cartão de crédito possua pouco limite, sua mente já terá sido impactada, passando agora a atingir o seu bolso e suas economias.

A princípio não parece nada de mais. E o valor nem é tão relevante assim. […] Não vai prejudicar minhas finanças.

Mas o consumismo se torna parte comum da sua vida. Você passa a comprar itens que são apenas uma necessidade momentânea.

Muitas situações são ocasionadas no momento que somos movidos pela emoção de comprar e consumir, não pela razão como acreditamos na maior parte das vezes. Exatamente, muitas compras são efetuadas pelas pessoas devido ao estímulo que o Neuromarketing provoca nas emoções e no cérebro.

Toda essa evolução no marketing vem de estudos do cérebro humano. O Neuromarketing é o estudo que se aprofunda em como entender cada parte do nosso cérebro frente a situações de exposição a produtos e ofertas. Com isso vemos que as empresas e lojas acabam se beneficiando muito disso, enquanto o consumidor é dominado.

Contudo, em seu livro “A lógica do consumo”, verdade e mentiras sobre por que compramos, Martin Lindstrom diz que o rastreamento cerebral, usado de forma ética, acabará beneficiando a todos nós.

Ele ainda acrescenta que “Neuromarketing é uma ferramenta que revela o que já está dentro da nossa cabeça – a nossa lógica de consumo”.

Desta maneira podemos dizer que cabe ao consumidor buscar entendimento e maior clareza sobre  como funciona a sua lógica de consumo e com isso trazer maior controle racional as suas compras.

Pelo menos 85% das nossas decisões, são tomadas de forma inconsciente. Portanto, nossas escolhas e gastos são impactados, já que nem sempre analisamos de forma racional a necessidade ou não de um item para comprar.

 

STORYTELLING

Muitas empresas nos envolvem e conquistam pelo tipo de marketing utilizado.

E um dos poderosos é o chamado Storytelling. Através de histórias e narrações encantadoras que  envolvem as pessoas, com a qual se  identificam com o que está sendo contado e de um modo imediato  se identificam com a marca e viram clientes.

Um grande e conhecido exemplo é da empresa Coca-Cola. Eles têm toda uma história por trás da bebida. E nestas propagandas apresentam uma bebida que representa muito mais do que simplesmente algo para saciar a sede. Eles exploram propagandas em que a bebida une amigos e familiares e traz um sentimento de alegria e prazer em compartilhar momentos com pessoas especiais.

Muitas pesquisas já foram realizadas para identificar qual o refrigerante preferido: Pepsi ou Coca-Cola.

Em 2003, pesquisadores realizaram uma mesma pesquisa de décadas atrás, mas usando aparelhos de ressonâncias nas pessoas que participaram.

Sem saberem qual refrigerante estavam provando, ao tomar um gole de cada refrigerante as pessoas diziam preferir a Pepsi e os resultados na ressonância também confirmavam a informação identificando no cérebro uma parte ativada ao tomar a bebida: o putâmen ventral, responsável por ativar quando gostamos de um sabor.

Após os resultados, outra pesquisa foi aplicada. E desta vez, os cientistas resolveram fazer a pesquisa de forma que as pessoas soubessem o que estavam tomando.

Os resultados desta vez foram diferentes.  Mais de 75% das pessoas escolheram a Coca-Cola como a melhor. O resultado também foi confirmado nos exames de ressonância.

Após análise dos resultados, foi possível identificar um forte fluxo sanguíneo no córtex frontal, que é uma parte do cérebro responsável pelo raciocínio.

Com isso ficou claro que havia um conflito entre razão e emoção. Mas ao saber a marca, as pessoas escolhiam a coca cola, por se identificar com a história, com a logo e todas as propagandas já vistas.

Isso nos mostra que, mesmo quando acreditamos estarmos respondendo conscientemente, as emoções podem estar falando mais alto.

Outro exemplo de pesquisa realizada foi de uma oferta de cupom desconto da empresa Amazon.

Cientistas analisaram alguns jovens e estudantes que receberam uma oferta de cupom com desculpa não para comprar no site da Amazon.

Os jovens teriam que escolher entre duas opções: Um cupom de 15 dólares, para aqueles que quisessem receber o cupom no mesmo instante. Ou poderiam optar por um cupom de 20 dólares caso esperassem 2 semanas para receber.

Diante das opções, os estudantes tiveram forte atividade no córtex pré-frontal lateral, região que gera emoção. Porém, ao analisar o cupom em que receberam, na mesma hora, o estímulo era ainda maior nas áreas responsáveis pela vida emocional e pela formação da memória.

A conclusão novamente é de que o emocional foi ativado nesta escolha.

Analisando o contexto das pesquisas e testes aplicados, é possível percebermos  o quão vulnerável estamos diante de tanto Marketing e oferta disponível a todo momento.

E para não ser levado por todas as situações é necessário fazer uma análise. É necessário entender o dia a dia e as necessidades.

O que realmente precisamos e o que é apenas desejo?

O que está dentro da nossa realidade e o que queremos seguir apenas pelo efeito manada?

E para um melhor resultado faça algumas análises pessoais e aplique algumas dicas importantes no seu dia a dia:

• • Uma forma de se salvar das armadilhas que te induzem a comprar sem necessidade, é evitar sair às compras em momentos de raiva ou chateação. Pois ficamos ainda mais suscetíveis e emocionais.
  • Quando se deparar com produtos e promoções parceladas se atente ao valor total da compra, inclusive juros se houver. Traga para a consciência o real gasto. Isso poderá te ajudar na análise, se deve comprar ou não.
  • Identifique gastos necessários e gastos que podem esperar um outro momento.
  • Se planeje para datas especiais. Você já tem uma previsão de aniversários e comemorações que gastará um pouco mais que de costume por conta de presentes e lembrancinhas. E, programando-se pode inclusive, ter tempo hábil para buscar melhores preços e ofertas.

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Shirlei Aiello, é aluna de nossa pós-graduação e colunista AGC nos temas de Educação Financeira e Neurociência. Conheça mais sobre a Shirley seguindo seu perfil no IG: shirleiaiello